Uma das maiores associações de proteção veicular do país, que não teve o nome divulgado, foi alvo da operação Seguro Fake, da Polícia Federal, que tem o objetivo de desarticular empresas que exploram ilegalmente o mercado de seguros sob a denominação indevida de associações de proteção veicular.
A associação alvo estaria vendendo ilegalmente seguros em todos os estados do país.
Foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão, sendo três na região da Pampulha em Belo Horizonte, um em condomínio de luxo em Lagoa Santa e outro na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Todos os mandados são contra a mesma empresa, famosa no mercado de seguros. Um desses mandados foi cumprido na sede da empresa, localizada no Bairro São Luiz, onde foram apreendidos computadores, planilhas e outros documentos.
Estima-se que a empresa, comandada por um casal de Belo Horizonte, tenha mais de cem mil clientes e cerca de quinhentos funcionários.
Segundo as investigações, vários clientes dessa empresa, indevidamente chamados de “associados”, não obtiveram indenizações quando houve ocorrência de sinistros com seus veículos.
A associação possui centenas de queixas no Procon e em sites de reclamações de consumidores. Dentre as principais queixas estão: o não pagamento de indenização por perda total, a péssima qualidade das oficinas credenciadas, a não permissão de uso do serviço de reboque, a não cobertura em veículos de terceiros, entre outras.
As investigações apontaram ainda que os donos da associação de seguro ilegal montaram um grande esquema de lavagem de dinheiro com o objetivo de direcionar parte dos valores do rateio pago pelos “associados” para eles mesmos.
Segundo a Polícia Federal, estima-se que o faturamento é de mais de R$ 500 milhões por ano. Como uma “associação” não pode distribuir lucro a seus diretores, os donos dessa de proteção veicular constituíram várias outras empresas satélites que gravitam no entorno dela. Assim, o dinheiro da associação era repassado para essas empresas como forma de pagamento de serviços tais como assistência 24hs, reboque, rastreadores, oficinas, entre outros.
O corpo diretivo da associação, que a fundou e arquitetou o esquema de lavagem, tinha uma vida de luxo, com imóveis, carros e viagens internacionais. Ostentando um alto padrão de vida, inclusive nas redes sociais. Atualmente o casal que fundou e preside a associação vive na Flórida. A Polícia Federal já está em contato com autoridades norte americanas para identificar o paradeiro do casal.
Os diretores e seus “laranjas” nas empresas satélites foram indiciados pelos crimes de lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, crime contra as relações de consumo e por fazer operar instituição financeira sem autorização estatal. As penas cumuladas podem ultrapassar os vinte anos de prisão.
Nas diligências desta terça-feira (27), carros, motos, documentos e aparelhos celulares foram apreendidos.